Meus prezados irmãos e irmãs,
Nós já nos aproximamos da celebração da Páscoa do Senhor Jesus! Nós podemos dizer que a Páscoa é a acima de tudo a festa que renova nossa esperança.
Na Bula “Spes Non Confundit” (“A Esperança não decepciona”) com a qual o Papa Francisco proclamou o Jubileu dos 2025 anos da Redenção, ele nos fala da paciência, como ele próprio diz ser parente próxima da esperança.
Ele nos diz que vivemos num mundo que vive sempre com pressa, onde as pessoas perderam a capacidade de se encontrar para uma boa conversa, e desfrutar da alegria de estarem juntas, compartilhando alegrais e tristezas. Com isso caímos com frequência no nervosismo, na intolerância, insatisfação e isolamento, e as vezes na violência gratuita.
“Se ainda fôssemos capazes de admirar a criação, poderíamos compreender como é decisiva a paciência. Esperar a alternância das estações com os seus frutos; observar a vida dos animais e os ciclos de seu respectivo desenvolvimento; ter os olhos simples de São Francisco, que, no seu Cântico das Criaturas, escrito há precisamente 800 anos, sentia a criação como uma grande família, chamando “irmão” ao sol e, à lua “irmã”. Redescobrir a paciência faz bem a nós próprios e aos outros. Frequentemente, São Paulo recorre à paciência para sublinhar a importância da perseverança e da confiança naquilo que nos foi prometido por Deus; mas ele testemunha, sobretudo, que Deus é paciente conosco: Ele é o “Deus da constância e da consolação” (Rm 15,5). A paciência – fruto também ela do Espírito Santo – mantém viva a esperança e consolida-a como virtude e estilo de vida. Por isso, aprendamos a pedir muitas vezes a graça da paciência, que é filha da esperança e, ao mesmo tempo, o seu suporte” (n. 4).
No hino da Caridade (1Cor 13, 1-13), São Paulo ao falar dos atributos do amor, menciona em primeiro lugar a paciência. Procurando o significado do termo nos damos conta de que ser paciente significa ser “lento para a ira”. Assim, ser paciente é ser capaz de não se deixar levar pelos impulsos interiores, renunciando ao desejo de agredir.
É assim que Deus age. No livro da Sabedoria encontramos algumas indicações a respeito do agir de Deus: “Entretanto, de todos tem compaixão, porque tudo podes, e fechas os olhos aos pecados dos mortais, para que se arrependam” (Sb 11,23); e, mais adiante encontramos o reconhecimento da justiça de Deus que se manifesta sempre movida pela paciência: “Porque és justo, tudo dispões com justiça; e consideras incompatível com o teu poder condenar a quem não mereça castigo” (Sb 12, 15).
Deus não é impaciente, mas usa sempre de paciência dando tempo ao arrependimento, usando do seu poder quando age com misericórdia. A paciência de Deus é exercício da misericórdia de Deus com o pecador e manifesta o verdadeiro poder.
Corremos o risco de perder a paciência quando exigimos das pessoas um comportamento e relações perfeitas ou, então nos colocamos no centro das atenções esperando que se cumpra sempre a nossa vontade.
A paciência com os outros surge à medida que sou capaz de reconhecer como é difícil controlar certos instintos. Da mesma forma como temos dificuldade para vencer a preguiça, a irritação, as críticas, o mau humor; é de se esperar que sejamos capazes de compreender o quanto isso custa também com aqueles com quem convivemos. Muitas coisas não conquistamos de um dia para o outro, às vezes leva tempo para que sejamos capazes de vencer-nos a nós mesmos; e o mesmo acontece com os nossos semelhantes.
Mas também a paciência para conosco mesmos. A paciência conosco mesmos exige que sejamos capazes de recomeçar sempre. Precisamos, porém de coragem para começar e recomeçar quantas vezes forem necessárias. Somente assim conquistamos a santidade querida por Deus para cada um de nós.
Viver o tempo que nos resta para a Páscoa exercitando-nos na paciência pode ser a penitência mais fecunda e necessária para renovar e transformar a nossa vida pessoal e comunitária.
Evidentemente que o exercício da paciência nos levará a uma atitude nova diante do meio ambiente, da Casa comum que Deus nos confiou; pois, nos fará vencer o uso indiscriminado da mãe natureza, fazendo-nos reconhecer nela os vestígios de Deus que ao criar o mundo deixo nele os sinais dos seus passos.
Reconhecendo a paciência de Deus para conosco, aprendamos também nós a ser pacientes com nossos semelhantes e conosco mesmos.
Dom Milton Kenan Júnior
Bispo de Barretos
AGENDA EPISCOPAL
2 a 4 – Simpósio “Santa Teresinha a Doutora do Amor” em Belém-PA
16 – Tarde de Espiritualidade com o clero, na Igreja Matriz do Bom Jesus, em Barretos, às 16h.
Missa do Crisma, na Igreja Matriz do Bom Jesus, em Barretos, ás 19h30.
17 – Missa da Ceia do Senhor, na Catedral do Divino Espírito Santo, em Barretos, às 19h30.
18 – Celebração da Paixão do Senhor, na Catedral do Divino Espírito Santo, em Barretos, às 15h.
19 – Solene Vigília Pascal, na Catedral do Divino Espírito Santo, em Barretos, às 19h30.
20 – Santa Missa da Páscoa do Senhor, na Catedral do Divino Espírito Santo, às 10h.
30 – Início da Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida.