Multimídia - Circulares

Prezados irmãos e irmãs,

                Neste mês de setembro a Igreja do Brasil volta seu olhar para as Sagradas Escrituras, pelo fato de se celebrar no último dia deste mês a memória litúrgica de São Jerônimo, presbítero, que dedicou toda a sua vida a estudá-la e traduzi-la para o latim.

                Entre as diversas formas de oração merece uma atenção toda especial aquela que chamamos “leitura orante”, ou lectio divina, por se tratar da oração com a Palavra de Deus. À medida que a praticamos, vamos ganhando intimidade e conhecimento da Palavra de Deus e, por meio dela, com o próprio Cristo; afinal, como escreveu São Jerônimo” “ignorar as Escrituras é ignorar Jesus Cristo”.

                A leitura orante da Palavra de Deus tem início com a invocação ao Espírito Santo, pois o Espírito é o autor das Escrituras. Foram homens e mulheres inspirados por Ele que relataram suas experiências e descreveram a ação de Deus em suas vidas. Assim, ninguém melhor do que o próprio Espírito Santo para nos introduzir no mistério divino e nos fazer conhecer o plano salvífico de Deus para nós.

                A leitura orante da Bíblia tem como fim descobrir o que Deus tem a dizer para cada um de nós. Nós a fazemos não para preparar uma aula, uma homilia; embora não seja descartada esta possibilidade; mas, para descobrir o que Deus quer de cada um de nós, ou da comunidade que se reúne para praticá-la.

                Este assim chamado método de oração contém quatro passos.

                Em primeiro lugar, a leitura do texto bíblico escolhido para a oração. Lê-lo atentamente, procurando imaginar a cena descrita, os personagens, o ambiente, atentos às palavras, aos gestos, é o primeiro passo. Uma leitura calma, procurando observar as palavras que mais se repetem, ou os gestos mais expressivos, é o primeiro degrau da escada que vai nos conduzir a Deus, que vai nos permitir descobrir a vontade de Deus para nós. A leitura pode se repetir duas ou três vezes; até que algum detalhe, alguma palavra, algum gesto, nos provoquem interiormente.

                O segundo passo da Lectio é a meditação. Meditar é mastigar. É a arte da inteligência a procurar entender o que aquela palavra, aquele gesto mais significativo que nos provocou quer dizer. Para isso será importante relembrar ou procurar outros textos onde encontramos aquela mesma palavra ou aquele gesto. Algumas Bíblias nos ajudam oferecendo na lateral do texto indicações de textos paralelos àqueles que lemos. Será importante lê-los para que possamos descobrir todo o significado que ele possui.

                Os antigos diziam que a Bíblia explica a Bíblia, ou seja, à medida que vamos nos aventurando por reler os textos bíblicos e confrontar as expressões significativas que encontramos em outros lugares, vamos nos enriquecendo e descobrindo a mensagem que Deus tem para nós, através deles.

                Podemos também na meditação relacionar o texto com fatos da nossa vida e da nossa história pessoal ou comunitária; relembrando os momentos que aquele texto iluminou a nossa vida ou orientou as nossas decisões.

                O terceiro passo da leitura orante é a oração. São Bento recomendava aos seus monges que esta oração seja breve e curta. Podemos até nos servir da própria Palavra de Deus, escolhendo uma frase para expressar nossa oração. Por exemplo: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo”, ou “Senhor, se tu queres, tu podes purificar-me”. “Senhor, salva-me!’. O importante é que a oração brote como resposta à Palavra que lemos ou ouvimos e que ela nasça de fato do coração. Podemos brevemente ir repetindo a nossa súplica, ou o nosso louvor, nossa ação de graças lentamente, respondendo ao que Deus nos falou, acolhendo a sua vontade em nossa vida.

                Finalmente, o quarto e último passo da lectio é a contemplação. Contemplar é descobrir uma forma diferente de ver o mundo e ler a própria história; agora, com o olhar de Deus. A contemplação nos permite olhar de modo novo para os mesmos fatos da nossa vida, descobrindo neles as pegadas de Deus, ou então os apelos de Deus, que nos chama à comunhão com Ele e com os irmãos.

                Este método remonta ao tempo dos Padres, ou seja, é bastante antigo; vindo a ser recuperado pelo Concílio Vaticano II. Sua divisão em quatro passos é atribuída a Guigo, o Cartuxo, do século 11.

                Pode ser que em princípio seja difícil realizá-lo, mas à medida que vamos nos exercitando, vamos nos habituando com ele e vamos nos enriquecendo com as descobertas que o método nos oferece.

                Todos os passos que vamos dando nós o fazemos suplicando a assistência do Divino Espírito Santo, pois somente Ele pode nos revelar as Escrituras e fazer com que, à semelhança dos discípulos de Emaús, o nosso coração arda (cf. Lc 24,13-35).

Dom Milton Kenan Júnior

Bispo diocesano de Barretos

AGENDA EPISCOPAL

SETEMBRO DE 2024

1 – Santa Missa no Encontro com Catequistas, na Igreja Matriz de N. Sra. Aparecida, em Guaíra, às 8h30.

7 – Grito dos Excluídos, na Catedral, em Barretos, às 15h.

9 a 13 – Retiro Espiritual do Clero no Seminário Santo Antônio, em S. Pedro.

13 – Missa e Crismas na Igreja Matriz de S. João Batista, em Barretos, às 19h30.

14 – Visita Pastoral na Paróquia Nossa Senhora do Carmo em Colômbia.

18 – Reunião com coordenadores da Pastoral Familiar, na Cúria Diocesana, às 20h.

21 - Missa e Crismas na Paróquia S. José em Severínia às 19h.

22 – Tarde de Espiritualidade e Missa na Paróquia Sto. Antônio, em Pirangi.

25 – Encontro da Pastoral Presbiteral do RPI, em S. Joaquim da Barra, das 8h30 às 12h.

27 a 29 – Assembleia das Igrejas, no Mosteiro de Itaici.

29 - Santa Missa na Igreja Matriz S. Gabriel, em Jaborandi.