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Artigo do Pe. Ivanaldo: Nem medo, nem euforia
É comum encontrar pessoas amordaçadas pelo medo. Pânico, depressão, estresse, fobia e pavor são nomes que caracterizam esta condição que gera dependência, paralisia e sensação de constante ameaça. Associado á outros fatores o medo, que na proporção adequada, coopera para a sobrevivência e perpetuação da espécie, tornou-se doença, grande inimigo da humanidade. Medo de tudo, medo de nada! Medo gera ansiedade. Como ser feliz assim?
Comum também encontrar pessoas vitimadas pela euforia, estado de emoção plena que desperta grande entusiasmo. Vivem de situações limite e adrenalina; ‘beber, cair e levantar’ é o meio pelo qual buscam sentido para a vida. Passado o êxtase, consciente ou induzido por drogas, fica a sensação ‘foi bom demais’ que, confundida com felicidade e alegria, motiva à busca por mais e mais de ‘não se sabe o que’. Euforia gera ansiedade. Como ser feliz assim?
“Não tenham medo!”. Cristo Ressuscitado manifesta-se aos discípulos ajudando-os a perceber a necessidade de enfrentar os desafios sem serem escravos do medo. O medo doentio compromete o contato equilibrado com a realidade, contamina o pensar, o sentir e o agir. “Os discípulos, então, ficaram muito alegres por verem o Senhor”. Esta condição de grande entusiasmo compara-se à euforia que, aparentemente positiva, é igualmente prejudicial: produz alto nível de ansiedade, confunde os sentimentos, turva a razão, gera respostas inadequadas.
Só após aprender, com Cristo, a maneira adequada de lidar com a situação, libertos do medo doentio, libertos da euforia doentia, é que a Sagrada Escritura relata, sobre os discípulos, “Então, abriu-lhes a mente para que compreendessem”, o que significa que, só assim, estavam aptos a seguir em frente, com equilíbrio e sensatez. Medo e euforia, em níveis doentios, roubam-nos de nós, tornam-nos dependentes, descontrolados, aniquilados, vítimas dos extremos. Da auto-imagem aos relacionamentos, tudo fica comprometido. Medo e euforia são meios que levam ao mesmo fim, a ansiedade, grande vilã em nossos dias.
É grande o risco de adotar o radicalismo como regra de vida. Impossível não sentir medo ou euforia. Porém, não permitamos que o medo e a euforia prevaleçam, no sentido de tornarem-se condição ordinária de vida. Sirvamo-nos dos recursos desenvolvidos e aprimorados pelo ser humano, sem negligenciarmos que o cuidado e zelo pela saúde espiritual é imprescindível à verdadeira felicidade humana. Neste empreendimento não estamos sós. Ele, o Ressuscitado, caminha conosco.
Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia