Multimídia - Notícias
Artigo do Pe. Ivanaldo: Nem puxado, nem empurrado!
‘Nem puxado, nem empurrado!’. Assim, a propaganda motivava os telespectadores, sobretudo, idosos, a comprar longevidade, qualidade de vida, agilidade e independência. Para além dos propósitos mercadológicos e garantia dos resultados, a exclamação chama a atenção, possibilita-nos refletir.
‘Puxar’, entendido como atrair com força, esticar, arrancar, obrigar a fazer ou produzir mais do que pode, exigir..., e ‘empurrar’, sinônimo de impelir com violência e vigor, fazer impulso para mover algo ou alguém, fazer algo sem disposição..., são explorados negativamente, significando, mais que simples ausência de movimento, reflexo, incapacidade de fazer algo por si só, dependência, e morosidade, a perda do sentido da vida.
‘Nem puxado, nem empurrado!’ traduz, de forma simples, objetiva e profunda, como não viver, como não administrar coisas, como não lidar com pessoas, como não encarar a si próprio, como não conduzir a existência humana. Esta compreensão ultrapassa a parcialidade (mecanicismo, dualismo, capitalismo, espiritualismo...) e possíveis variáveis limitantes (idade, sexo, cor, raça, partido político, crença...).
Para muitos, ser puxado e/ou empurrado é normal, involuntário, constitutivo do ser, da personalidade, do pensar, sentir e agir, desde a mais tenra infância, tanto individual, quando coletivamente, tornando-se impensável não ser e viver assim. Inconscientemente, as sociedades desenvolveram recursos, artifícios, ferramentas e mecanismos que nos mal educaram a entender esta medíocre condição, inclusive, como sinônimo de evolução.
O que fazer? Parece impossível caminhar na contra mão da maioria. Guerras armadas e silenciosas, blocos econômicos, nova era, bem-estar como sinônimo de felicidade...; tudo isso e muito mais já foi tentado e, até agora, nada. Talvez, a revolução deva começar por nós, eu e você. Como? Percebendo quão puxados e empurrados somos e, de forma livre, consciente e responsável, darmos um basta; não obstante todas as forças opostas, terminantemente, recusarmo-nos a puxar e/ou empurrar o que quer que seja e a quem quer que seja. ‘Nem puxado, nem empurrado!’ Vamos juntos!
Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia