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Quinta-feira, 23 de julho de 2015

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA SOBRE O TÚMULO DE SÃO PEDRO – BISPOS DO REGIONAL SUL 1 - 10/11/2009

Foto | CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA SOBRE O TÚMULO DE SÃO PEDRO – BISPOS DO REGIONAL SUL 1 - 10/11/2009

Homilia de Dom Nelson - Missa Túmulo de São Padro

 

At 3, 1-8;  Lc 5, 1-11

 

            Celebrar a Eucaristia sobre o túmulo do Apóstolo São Pedro, no contexto de uma Visita ad Limina e na ocorrência litúrgica da memória de São Leão Magno, é um evento significativo e memorável para todos nós... É rever em Pedro, na sua pessonalidade e missão, a nossa condição específica de pastores, sucessores dos Apóstolos.

            Estamos de visita aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, em peregrinação a estes lugares santos da Catolicidade.

            Como Pedro, fomos chamados a colaborar com Jesus na sua obra de salvação.  Como ele, fomos inseridos na dinâmica da mediação ou sacramentalidade da Igreja, de que nós, Bispos, somos uma dimensão significativa. Como Pedro, fomos constituídos apóstolos, fomos feitos pescadores, colaboradores do Mestre na faina da evangelização. O Evangelho que acabamos de proclamar evoca-nos essa cena da vocação, do reconhecimento da própria indignidade e, ao mesmo tempo, da generosidade da resposta, Conscientes de que, com o Mestre, só em união com Ele e graças a Ele, obteremos resultados no exercício do nosso ministério. Sem Jesus, todos os nossos esforços, do ponto de vista da fecundidade espiritual, serão um trabalhar a noite inteira sem nada pescar! Pois, “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5). Pedro convida-nos, também a nós, a confiar no Senhor, o qual, apesar das nossas fragilidades e limitações humanas, fará grandes coisas por nosso intermédio.

            O Apóstolo Pedro é um exemplo de como Deus se serve de nós, nos transforma e habilita para a missão. Pedro conforta-nos e estimula-nos, na mortificante contradição de entusiasmos, receios e quedas. Pedro sente-se pecador perante a sublimidade da missão, mas confia no Mestre e segue-O. Pedro, desconfiado, pede o milagre de caminhar sobre as águas, e depois vacila e ia-se afogando, se de novo o Mestre não lhe estendesse a mão salvadora e amiga... Pedro, cheio do Espírito Santo, deixa de temer a morte e espera-a sereno na prisão de Herodes, sendo salvo pela oração da Igreja. Esse mesmo Pedro, exemplo de Apóstolo e presbítero, a nós, presbíteros como ele, deixou sábias recomendações: “apascentai o rebanho, velando por ele, de boa vontade, segundo Deus, e tornando-se modelo do rebanho” (1 Pd 5, 1-4).

            Caros irmãos e amigos, estamos celebrando Eucaristia sobre o túmulo desse grande Apóstolo e nosso modelo.

Façamos tesouro do seu exemplo e ensinamento, para que a visita que Lhe fazemos se torne vida para nós e para a parcela do Povo de Deus que o seu Sucessor, o Santo Padre, nos confiou. Como Pedro, apesar de todos os entraves e dificuldades, cumpriremos nossa missão, se trabalharmos unidos a Cristo, isto é,  lançando  as redes, sob a Sua palavra (cf. Lc 5, 5).  

Pedro não nega sua experiência pessoal, mas vai além dela e confia no Senhor. Essa confiança em Jesus é uma qualidade fundamental do apóstolo, do missionário, do evangelizador...

Sem ouro nem prata, daremos, em nome de Jesus Cristo Nazareno, cura e libertação aos irmãos e irmãs, que vivem nas nossas comunidades e no mundo, como o fizeram Pedro e João, à porta do Templo, e no-lo evoca a Leitura dos Atos que há pouco nos foi proclamada.

            Mas celebrar a Eucaristia sobre o túmulo de Pedro é celebrar o que este Apóstolo e a sua Sede representam para a Igreja: sobretudo e, antes de mais, a comunhão eclesial.

            Já a Eucaristia é celebração da unidade e da caridade... A Igreja faz a Eucaristia, e a Eucaristia faz a Igreja. A Igreja-Assembleia nasce da Eucaristia e para a Eucaristia.

Celebrá-la neste local, nesta Sede de Pedro e sobre o seu túmulo, é reforçar a consciência dessa união e comunhão. É aqui onde a Igreja mais se sente una e católica, a Igreja que foi fundada sobre Pedro, sobre a fé de Pedro. Por isso, acreditar com Pedro é acreditar com a Igreja; estar com Pedro é estar com a Igreja. E nós viemos aqui para afirmar e fortalecer essa pertença, na comunhão de fé e de ação, que é própria da Igreja.

            Sentimos aqui e neste momento a comunhão eclesial no espaço e no tempo. Aqui se concentram e irradiam todas as Igrejas particulares, que formam, nesta unidade e comunhão, a Igreja Universal. Sentimo-nos aqui unidos às nossas dioceses e aos fiéis que as compõem, bem como a todas as Igrejas particulares e fiéis do mundo inteiro; sentimos aqui, de forma especial, a vibração da sua fé, que é a fé de Pedro, a fé da Igreja.

E sentimos aqui união e comunhão também com as Igrejas locais e os fiéis de todos os tempos, que em Pedro e em Roma viram o centro da Igreja una, santa, católica e apostólica.

            Experimentamos aqui, de modo singular e privilegiado, a unidade da Igreja, essa unidade que São Cipriano, tão bem exprimiu na obra que escreveu sobre a Unidade da Igreja Católica: Igreja, que é uma só, fundada sobre Pedro: “quem abandona a Cátedra de Pedro, sobre que é fundada a Igreja, ilude-se de pertencer à Igreja” (obra citada, 4). Para São Cipriano, é característica irrenunciável da Igreja a unidade, simbolizada na túnica de Cristo sem costuras (ibid. 4 e 7); e essa unidade da Igreja, já para São Cipriano, tem o seu fundamento em Pedro (ibid. 4) e a sua perfeita realização na Eucaristia (Epístola 63, 13). Privilégio especial para nós, portanto, caros irmãos Bispos, é estarmos celebrando a Eucaristia sobre o túmulo de Pedro! Num só ato, colhemos o fundamento e a perfeição da Igreja! Feliz coincidência e riqueza!   Também Santo Irineu, enaltece a apostolicidade da Igreja, alicerçada na fé comum dos Apóstolos e seus sucessores, e que tem o seu ponto de referência em Roma, essa Igreja, que, em razão da sua antiguidade,  tem a maior apostolicidade, pois tem origem nas colunas do Colégio Apostólico, Pedro e Paulo.

            E – continua o grande Bispo de Lião e Padre da Igreja, do século II – com a Igreja de Roma devem pôr-se de acordo todas as Igrejas, reconhecendo, nesse parâmetro da verdadeira tradição apostólica, a única fé comum. A verdade e a salvação – continua Santo Irineu – não são privilégio e monópolio de uns poucos; todos as podem alcançar através da pregação dos sucessores dos Apóstolos, sobretudo do Bispo de Roma. Era a afirmação da referência insubstituível da tradição apostólica e da sua superioridade sobre a doutrina dos gnósticos de então e das várias gerações de pensadores que, no decorrer dos tempos, lançariam desafios à genuinidade de fé cristã. Tudo isto sentimos e afirmamos neste local e momento. Sentimos aqui a presença de Pedro, não só no seu túmulo, mas também e sobretudo na pessoa e na voz do seu Sucessor, o Santo Padre Bento XVI, que viemos visitar, trazendo-lhe a expressão da união das nossas Igrejas com a sua Pessoa e com a Igreja a que ele preside, a de Roma e a Universal. Como os Bispos do Concílio de Calcedônia, queremos aqui afirmar, que, ouvindo a voz de Bento XVI – como eles ouviam a de Leão I – , é a voz de Pedro que ouvimos e, nela, a voz do próprio Jesus Cristo. Grande momento este e grande estímulo para a nossa fé cristã e para a nossa missão de pastores. Que São Pedro e os demais Apóstolos, São Leão Magno e os muitos  Sucessores de Pedro sepultados nestas grutas vaticanas, e todos os Santos e Santas, que, com a sua fé e fidelidade, fizeram resplandecer a Igreja, esposa de Cristo, nos ajudem a colaborar na edificação do Reino de Deus nas Igrejas que nos foram confiadas e, nelas, no mundo com tanta fome e sede de Deus. Amém.


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