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Segunda-feira, 19 de julho de 2021
Artigo do Pe. Ivanaldo: Livres e fiéis em Cristo
É cada vez maior o volume de apelos de caráter religioso que chegam até nós; das mais diversas formas, sobretudo, através das mídias sociais, eles buscam despertar a atenção. Visando seduzir e angariar adeptos se valem de modernas técnicas, oferecem os mais variados produtos e, na mesma direção dos movimentos globais, alimentam o imediatismo, o individualismo e o egocentrismo. Analistas e estudiosos denominam este fenômeno como mercantilização da fé.
O fenômeno antes criticado pelas ditas religiões e/ou igrejas tradicionais, no sentido de serem as mais antigas, como um furacão, invade todas as denominações, exigindo mudanças e provocando repentinas alterações, tanto na condução das ações por parte de seus dirigentes, quanto na postura e relação dos fiéis e adeptos. Merece de nossa parte um olhar particular aos impactos deste fenômeno sobre o cristianismo que, se não reagir a tempo, será extinto.
Ilumina nossa reflexão a passagem bíblica do Evangelho Segundo Mateus na qual Jesus, ao enviar seus discípulos em missão faz algumas recomendações (Mt 6,7-13): que não levassem nada pelo caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura; que andassem de sandálias e não levassem duas túnicas; numa cidade, quando não fossem acolhidos e ouvidos, deveriam, ao sair, sacudir a poeira dos sapatos como testemunho contra eles. Assim, eles partiram pregando a conversão, expulsando demônios e curando numerosos doentes.
Deus chama, orienta, capacita, envia e sustenta na missão. Na contramão dos referenciais de seu tempo histórico Jesus anuncia o Reino de Deus ao qual se adere buscando o dom da liberdade integral, sem a qual não é possível segui-Lo fielmente. O dom da liberdade, que abrange o ser humano em sua totalidade, considerando as naturezas que o constituem (material, vital, animal e espiritual), deve ser compreendido em duas vertentes:
1. A liberdade interior que consiste em ter o coração verdadeiro e transparente, desapegado de traumas, mágoas, medos e tudo mais que possa impedir o homem de crescer e amadurecer plenamente;
2. A liberdade exterior, que se refere ao desapego de pessoas, lugares e coisas, cujo peso nos impede de seguir e servir á causa do Evangelho;
Em nossos tempos, boa parte dos apelos religiosos de natureza cristã, incorrem não apenas num grave erro, como se este pudesse ser redimido, mas, no pior dos erros: revestir a fé cristã daquilo que ela nunca foi ou quis ser, simples objeto de consumo, sujeita a vontades e gostos individuais ou grupais. Nesse sentido, no que depende dos homens, estão a assassinar a fé cristã. No entanto, como a obra é de Deus, os que insistem na lucidez seguem adiante, livres e fiéis em Cristo.
Por: Padre Ivanaldo Gonçalves de Mendonça
Sobre o autor:
Pe. Ivanaldo é pós-graduado em Psicologia, pároco da Paróquia São José de Olímpia. E-mail: ivanpsicol@hotmail.com