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Sexta-feira, 06 de novembro de 2020
Artigo do Pe. Ivanaldo: Posturas Escravizadoras
Refletir acerca de pessoas, seus pensamentos, sentimentos e comportamentos é um grande desafio. De maneira gera geral corremos o risco de, movidos pelas paixões, decretar a perdição ou norte daqueles que não nos agradam, assim como a salvação ou vida dos que se submetem aos nossos caprichos. Por isso, antes de tudo, faz-se necessário buscar o equilíbrio e maturidade suficientes a fim de não sermos parciais em nossas análises, comprometendo, assim, o esforço empreendido na compreensão do ser humano e tudo que o envolve.
É notório e digno de reconhecimento a postura que caracteriza muitos dos que vivem e convivem conosco, permitindo-nos defini-los ‘pessoas libertadoras’. Empatia, resiliência amorosa e compaixão destacam-se entre as marcas que eternizam sua presença em nossa existência. Rendamos graças ao bom Deus e sejamos eternamente agradecidos a tantos que nos acolhem, nos suportam e não desistem de nós crendo, com esperança, em cada pessoa e em toda a humanidade.
Se a reflexão proposta leva-nos a reconhecer e exaltar ‘pessoas libertadoras’, ao longo do caminho, visitando a histórica da humanidade assim como a memória de nossas mentes e corações, é impossível não constatar que, ao contrário de quem promove libertação há quem promova escravidão. No esforço por não condenar ninguém, referimo-nos á ‘postura escravizadora’ e não a ‘pessoas escravizadoras’; acreditamos, firmemente, na possibilidade de regeneração consciente, livre e responsável de todo ser humano.
Consideramos que a postura escravizadora seja resultado de experiências marcadas, acima de tudo pelo desamor (o amor não oferecido - o amor mal oferecido - o amor não acolhido - o amor mal acolhido), seguido do desamparo, sobretudo, relativo às origens e vínculos parentais (mãe- pai – irmãos); o desamparo faz sangrar, pois mantêm o objeto do amor sem que este responda às demandas. A ‘postura escravizadora’ revela-se, acima de tudo, uma forma de sobreviver a dor contínua.
Das características do perfil escravizador destacam-se: 1) Auto-referencialidade: desconsidera a existência do outro em função da imposição de si; 2) Vitimismo: aprisiona o outro, sobretudo, fazendo-o sentir-se culpado; 3) Deboche: rebaixamento, desprezo e difamação do outro que não corresponde, com exclusividade, às demandas. 4) Perseguição: mistura da tentativa de destruir o outro somada ao desejo de ser igual a ele ou ser ele mesmo.
Consiste num grande e perene desafio livrar-se das ‘posturas escravizadoras’ que tentam nos roubar a todo custo. Consiste, igualmente, num grande desafio, desenvolver a percepção para reconhecer tal perfil e suas marcas predominantes, assim como, desenvolver a habilidade para líder com eles, sem destruí-los e sem destruir-se. O caminho e longo e encantador! Boa viagem!
Por: Padre Ivanaldo Gonçalves de Mendonça
Sobre o autor:
Pe. Ivanaldo é pós-graduado em Psicologia, pároco da Paróquia São José de Olímpia. E-mail: ivanpsicol@hotmail.com