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Artigo do Pe. Ivanaldo: Senhor que eu veja!
A visão é um órgão dos sentidos de fundamental importância, uma vez que, de maneira geral, ela nos coloca em contato direto com todas as realidades, sobretudo, as externas. Por muito tempo as pessoas, cuja visão fosse comprometida, eram consideradas inaptas para a vida e, até mesmo, castigadas por Deus. Felizmente, são muitos os avanços das ciências que favorecem aos que possuem limites visuais, melhor qualidade de vida, inclusive, superando, em muito, as pessoas ditas normais.
No Evangelho Segundo Lucas (Lucas 18, 35-43) deparamo-nos com o episódio do cego que, ao saber que Jesus passava por ali, a Ele recorre e é curado. Tal passagem concede-nos a oportunidade de aprofundar o sentido da mensagem evangélica. Antes de tudo, superando a mentalidade simplista e utilitarista que faz de Jesus um milagreiro de plantão. Os ditos milagres, antes de tudo, possuem uma intenção teológica, ou seja, pretendem revelar o agir de Deus na história humana para além de reparos de natureza estritamente física. No entanto, considere-se que a dimensão física do milagre consiste no canal imediato através do qual Jesus é reconhecido como enviado de Deus.
Para além da dimensão física, a condição da cegueira abraça-nos, a todos, indistintamente; tal condição refere-se aquilo que não vemos em função de nossos limites, aquilo que não queremos ver, em função de nossas resistências, e aquilo que está para além de nós, exigindo certo grau de sensibilidade para ser apreendido. Considere-se também os pontos cegos, ou seja, as partes de uma realidade que não captamos. Tais elementos e tudo o que implica demandam atenção de nossa parte, assim como mereceram, da parte de Jesus tratativa especial.
Contemplar as reações do homem cego muito acrescenta ao processo de desenvolvimento, pois elas refletem o empenho necessário a que nos liberemos da cegueira, em suas múltiplas formas. Faz-se necessário: 1º) Assumir e admitir a condição da cegueira; 2º) Aguçar a sensibilidade, percebendo o que acontece em nós e ao nosso redor; 3º) Dispor-se abandonar a condição da cegueira; 4º) Gritar, positivamente, ensaiando reações; 5º) Não desanimar diante do pessimismo e pressão à nossa volta; 6º) Contar com a atitude generosa de quem nos pode ajudar; 7º) Crer em Jesus profunda e verdadeiramente; 8º) Apresentar ao Senhor nossa real necessidade; 9º) Responder, positivamente, ao que Ele ensina 10º) Segui-Lo, fielmente;
O cego, embora limitado fisicamente, acolhe Jesus e clama por aquilo que só Ele pode conceder: misericórdia. Nesse sentido, ele é mais capaz de enxergar que toda a multidão: busca o Senhor, por Ele se deixa ser encontrado e transformado, convertendo-se num sinal de manifestação do poder e glória de Deus perceptível a todos. Corajosa e amorosamente clamemos a Jesus “Que eu veja”, assumindo tudo aquilo que este clamor implica.