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Artigo do padre Ivanaldo: Cada vez mais Bento!
A renúncia de Bento XVI surpreendeu o mundo. Autoridades religiosas abaladas; autoridades políticas perplexas; críticos em busca do que chamam ‘causas reais’; estudiosos analisam sem emitir um juízo definitivo. Na mídia brasileira, o ziriguidum, hit carnavalesco cedeu lugar ao canto gregoriano que embalou a notícia. Acontecimento inusitado! Poucas páginas da história da humanidade e da Igreja Católica têm registrado a renúncia de autoridade tão expressiva. Passadas as reações imediatas, contemplemos o fato, permitindo-nos ser orientados pela luz do bom senso.
Pelas vias da lógica e do direito, o fato de a função de papa ser vitalícia, durar a vida toda, não significa que ele seja obrigado a exercê-la. Se o direito eclesiástico prevê a possibilidade de renúncia é porque ela existe e, se existe, é um direito que está a seu dispor, independentemente das razões. Pelas vias da ética e da moral, uma vez que razões suficientes impedem o pontífice de exercer sua missão com eficiência e eficácia, sejam quais forem, de ordem físico-pessoal ou político-institucional, e isto lhe pesa à consciência, tem ele o dever de renunciar.
Pelas vias espirituais, as vias da fé, as quais sustentam a essência da função desenvolvida pelo papa, sucessor de Pedro, sinal e garantia visível da unidade da Igreja, entender a questão é ainda mais simples. Entender, sob a luz da fé não significa, necessariamente, ter respostas sob o domínio da razão, mas sim, confiar-se, absolutamente, aos cuidados de Deus e Seus desígnios.
Uma vez que não se sente em condições de bem pastorear o rebanho que lhe fora confiado, o papa despoja-se da grandeza e poder que lhe foram outorgados, assumindo a condição absoluta de servo, abraçando humilhações de todas as naturezas, advindas, inclusive, daqueles que a pouco o chamavam Sua Santidade, e agora o condenam, subitamente. Assim, configura-se, mais intimamente a Cristo, a quem se esforça por seguir, com fidelidade.
Bento XVI entra para a história! Acusado de inflexibilidade e rigidez, a atitude do Romano Pontífice desarma, amorosamente, seus algozes, quando ele, no alto de seus 85 anos, deixa o trono, desce discretamente as escadarias da Basílica de São Pedro, deixa a coroa de bispo de Roma e, sem alarde se curva, por amor a Deus, à Igreja e à Humanidade: renúncia. A corajosa, despojada e flexível atitude de Bento XVI faz dele, eternamente, Sua Santidade, cada vez mais Papa, cada vez mais Pai. Enfim, cada vez mais Bento!
Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia, Coaching
ivanpsicol@hotmail.com
Postado em 14/02/2013 às 13h35 - Imagem da Internet