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Artigo do padre Ivanaldo: Dancemos balé!
Os alunos assistiam atentamente ao vídeo. No aquário, um peixe em movimento. Pergunta a professora: “Na opinião de vocês, quanto custa este peixinho?” A turma concluiu que o peixe custaria, no máximo, cinco reais. Surgiram outros quatro peixes. “Na opinião de vocês, quanto custa cada um desses peixinhos?” Resposta óbvia: no máximo cinco reais. Cada peixe moveu-se até o centro do aquário, alinharam-se e, com movimentos leves e sincronizados, iniciaram uma bela e suave coreografia, um balé, encantando a todos. “Quanto custa cada um desses peixinhos?” Rompeu-se o silêncio: “Dez mil reais!” “Se for uma espécie rara vale cem mil.” “Se forem os únicos no mundo não têm preço”.
“De fato, cada um desses peixinhos têm imenso valor, mas não há dinheiro no mundo que possa comprá-los. Têm valor, mas não têm preço”, pontuou a professora. Valor e preço são coisas distintas. Descobrir o quanto cada um daqueles peixes era especial fez com que os alunos dessem um salto qualitativo na avaliação e, superando a ideia comum de preço, elaborassem o conceito de valor.
O exercício ensina: o mínimo que se espera de um peixe é que, independentemente da espécie, cor e tamanho e outras peculiaridades, servindo-se dos recursos naturais, viva e sobreviva, saiba nadar. O mesmo espera-se do ser humano; exercer direitos e cumprir deveres fazem-nos hábeis em exercitar nossas capacidades naturais para viver e sobreviver, ou seja, como os peixes, simplesmente nadar.
É pertinente e necessário refletir sobre o que fazemos com nossa vida e, mais ainda, com nossa existência. Apenas nadamos, vivemos e sobrevivemos? Pagar impostos em dia, arcar com as despesas da casa, lavar, passar, trabalhar, preservar o meio ambiente, votar conscientemente, praticar uma religião e tantas outras coisas que consideramos extraordinárias, fazem de nós mais um entre os milhares de humanos que simplesmente nadam e nada mais. Que contribuição ofereço, gratuitamente, para que a vida do mundo seja menos dolorosa, pesada e mais leve, agradável e, por isso, mais significativa e feliz para todos?
Com seu simples e encantador balé os peixes nos ensinam a tornar extraordinário e surpreendente cada movimento que fazemos, do mais simples ao mais complexo. Seres humanos assim são encantadores, não têm preço e, seja qual for sua vocação e missão, onde quer que estejam, sempre fazem a diferença para melhor. Vivem com intensidade, leveza e harmonia; deixam seus lugares e, em profunda comunhão com os semelhantes refletem, partilham e direcionam seus esforços colaborando na construção de um mundo melhor. Sem propósitos vaidosos e dissimulados encantam, ajudando-nos a perceber que podemos e devemos fazer de nossa existência um simples e encantador balé, todos os dias. Dancemos balé!
Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
ivanpsicol@hotmail.com