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Artigo do padre Ivanaldo: Não tenho inimigos!
“Vós ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” Registrado no livro Sagrado dos cristãos, no capitulo 5 do Evangelho escrito por Mateus, este mandamento de Jesus Cristo, também ensinado por outras religiões e filosofias, parece difícil e, para muitos, impossível de acontecer. A razão e a lógica matemática, por si só, não aceitam, tampouco compreendem este regra de vida que, justamente por isso, está locada entre as virtudes mais elevadas do ser humano.
Amar inimigos não parece justo e sensato. A compreensão desde princípio ultrapassa o comportamentalismo, o simplesmente ‘fazer ou deixar de fazer’. No mesmo capítulo, encontramos sua razão e sentido de ser. “Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”, conclui Jesus. Em última análise, a perfeição de Deus consiste em amar acima de tudo. “Deus é amor” ensina o evangelista João. O que faz do ser humano, criatura, a imagem e semelhança de Deus, Criador, é o amor, a capacidade de amar acima de todas as coisas.
Uma vez que o ser humano deseja, busca, alcança, experimenta e permanece no amor verdadeiro, que significa o máximo desejo do bem a alguém ou alguma coisa, não mais se preocupa em categorizar pessoas e coisas como amigas ou inimigas, deste ou daquele, disso ou daquilo, ele simplesmente ama, deseja o máximo bem, ignorando, não por fraqueza, mas por maturidade e força, a quaisquer investidas. Se alguém, por alguma razão quer se meu inimigo, eu, por todas as razões (lógica, mental, física, emocional e espiritual), não retribuirei na mesma proporção.
O inimigo objetiva ativar a voracidade de nossas fraquezas: a ignorância, a raiva, a magoa, a impaciência... Retribuir às suas provocações, em grande ou pequena escala, é dar-lhe a vitória, fazendo prevalecer, em nós, seu poder destruidor. Podemos ser vítimas de suas artimanhas, no entanto, ele é limitado; o máximo que pode agredir é nosso corpo físico e nossa mente. O inimigo não tem poder sobre nosso coração e, caso venha a ter, isso só será possível com nossa permissão. A partir daí a responsabilidade pelo que quer que seja já é nossa, que o colocamos para dentro.
Como combater o inimigo? Ame-o! Se ele provoca, agride, difama, calunia e trama, ame-o! Quando resistimos e permanecemos no amor, nunca perdemos. Dando asas ao fermento da maldade, deixamos de investir energia e tempo no amor, nas pessoas especiais, na família, nos amigos, em servir os que necessitam, em colaborar para a construção de um mundo melhor. Ame acima de todas as coisas e, quando fordes indagados sobre o tal ‘amor aos inimigos’, responda com os lábios e, sobretudo, com o coração: “O que é isso? Não tenho inimigos!
Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
ivanpsicol@hotmail.com