Multimídia - Notícias
Artigo do padre Ivanaldo: O Lado Bom do Mau Exemplo
O bom exemplo é evocado como sinônimo de consciência, coerência, responsabilidade, cidadania, moralidade, fidelidade... É também considerado como um dos mais importantes recursos educativos. “A palavra convence, mas o exemplo arrasta”, ensina a célebre frase. O que dizer sobre o mau exemplo? Um dos mais notáveis personagens dos desenhos animados pode nos ajudar. Lançado em 1940, exibido até hoje no Brasil, o Pica-Pau marcou gerações, tendo inclusive, o nome inscrito na calçada da fama, em Hollywood.
O Pica-Pau leva vantagem em tudo, serve-se de artimanhas e trapaças, vive numa boa. Não trabalha, não estuda, não coopera. Muitos educadores classificam-no como um péssimo exemplo, sobretudo, às crianças que assumem as mensagens como referência. Alguém dedicado identificou, nas atitudes do Pica-Pau, 26 crimes inscritos no código penal: porte ilegal de armas, agressão física, tentativa de homicídio, omissão de socorro, calúnia, invasão de privacidade, roubo, estelionato, falsificação de remédios, charlatanismo, falsidade ideológica... Seu perfil psicológico tem a loucura e perturbação como características.
Não podemos negar a existência do mau exemplo e sua prevalência sobre o bom exemplo, em muitas situações, uma vez que, inicialmente, proporciona sensação de segurança, onipotência, força e poder. Tenho registrado, na memória e no coração, o dia em que, no colegial, a professora adentrou a sala com uma ótima notícia: “Hoje assistiremos o desenho Pica-Pau”. Os alunos foram ao delírio.
Conversando sobre o que assistimos, a mestra ajudou-nos a perceber o péssimo exemplo transmitido pelo contagiante desenho que arrancava risos e aplausos. Ela concluiu: “Pode ser que após esta aula muitos se sintam mal por terem sonhado ser como o Pica-Pau. Fico feliz com este impacto. Porém, gostaria que aprendessem algo muito mais valioso e o levassem para toda a vida. O Pica-Pau não nos ensina a fazer o bem, mas ensina o mal que não devemos fazer. Aprendamos com ele o que não fazer”.
A partir daquele dia passei a observar tudo, a ler e interpretar as entrelinhas. Notei que muitos exemplos à minha volta não eram os melhores. Aprendi com eles o que não fazer, o que não dizer, como não ser, como não agir, como não viver. Existe sim o lado bom do mau exemplo. Já que não podemos evitar que ele, o mau exemplo. exista, dele nos sirvamos para aprender, crescer, amadurecer, ensinar, formar e educar pessoas, para serem capazes de colaborar na construção de um mundo melhor, para todos. Aprendemos com o lado bom do mau exemplo.
Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia, Coaching
Postado em 30/11/2012 - Imagem da Internet