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Artigo do padre Ivanaldo: Ser Sensível
Em tempos de preparação para o Natal reuniram-se para montar o presépio. Em poucas horas, tudo pronto: o casebre de palha, as belas imagens, a estrela reluzente. Ficou lindo! Quando, em meio à festa, alguém pontuou que aquele não seria o lugar mais adequado para o presépio, porque haveria outras atividades no centro da praça, a chiadeira foi geral. Os impulsivos brigavam, os melancólicos choravam, os passivos olhavam. Todos procuravam um culpado. O fato nos possibilita refletir sobre a sensibilidade e sua importância.
Inicialmente, restrito à biologia e fisiologia, o conceito de sensibilidade relacionava-se à percepção dos órgãos dos sentidos e capacidade de reação a estímulos. A psicologia incorporou ao conceito os processos mentais e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos. A sensibilidade é, sem dúvida, elemento fundamental no processo de construção do conhecimento e amadurecimento humano.
O sensível é capaz de captar e perceber a realidade. O insensível não considera a realidade, não considera o outro, não se deixa comover, demonstra indiferença, é árido. No exemplo citado, ninguém se preocupou se o espaço central da praça seria utilizado por outros. Não por acaso, o Evangelho daquele dia ensinava: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis (...)”.
O individualismo, o egocentrismo e a impulsividade tornam-nos cegos, surdos, mudos ao que e a quem esta à nossa volta, suas necessidades, seu espaço, sua opinião... Porque chora, ri, se envolve, se emociona, concorda, discorda e participa ativamente de tudo o que acontece, em geral, o sensível é considerado fraco. O que muitos definem como firmeza, imparcialidade e postura diplomática, na verdade, aproxima-se mais da insensibilidade.
A insensibilidade persegue apenas aos bons, pois, os maus, ela já os têm. Ela ronda os que se esforçam para ser retos no pensar, no agir e sentir. Vale ressaltar que algo bom, uma boa causa, uma boa ideia, um bom propósito, como aquele da montagem do presépio, pode sim ser revestido de insensibilidade. A questão não está em “o que se faz”, mas, “no como se faz”.
A preparação para o Natal possibilita-nos refletir sobre o exercício da sensibilidade, em todas as dimensões. A cena retratada pelo presépio é uma declaração de amor, expressão da sensibilidade de Deus que, desejoso de salvar a todos e a cada um de nós, envia Seu Filho para participar de nossas vidas. A sensibilidade de Deus incomoda, provoca, desafia e impulsiona a que, como Sua imagem e semelhança, sejamos sensíveis.
Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia, Coaching
Postado em 07/12/2012 às 12h07 - Imagem ilustrativa