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            Os 40 dias que antecedem a Páscoa consistem num tempo marcado fortemente pelos exercícios espirituais da oração, jejum e caridade. A oração, pessoal e comunitária, combustível da fé, estreita nossa relação com Deus; o jejum promove e fortalece a autoconsciência, o autocontrole, evitando que sejamos escravos dos impulsos; a caridade abre olhos e coração para reconhecer a presença de Deus no próximo, educando-nos à fraternidade.

           A quaresma remete-nos, dentre outras, à passagem sobre os quarenta dias nos quais Jesus orou e jejuou no deserto, registrada no capítulo 4 do Evangelho Segundo Lucas. Ele vence as forças do mal que tentam desviá-Lo do propósito de Sua missão. No compromisso de que a quaresma seja para nós tempo forte de combate no qual prevaleça a fidelidade à vontade de Deus, o que em nada contradiz ao desejo e busca pela verdadeira felicidade, baseados na passagem das tentações, consideremos:

          Ele “(...) era conduzido pelo Espírito Santo.” Jesus não estava sozinho! Há em nós uma tendência ao isolamento de tudo e todos, sobretudo nos momentos de dificuldade, alicerçados na falsa certeza de que sozinhos somos capazes de solucionar tudo. Para vencer as tentações, estejamos abertos à vida, às pessoas, à realidade, à superação!

        Jesus “(...) sentiu fome”. Na hora da fome, ou seja, diante de uma possível fraqueza física, mental, emocional ou espiritual, é que as forças do mal se aproximam, oferecendo o que agrada e satisfaz temporariamente. As forças do mal seduzem, envolvem, faz-nos servidores e semeadores da maldade. Para vencer as tentações, busquemos, constantemente, forças em Deus!

          “(...) Se és filho de Deus...” O tentador não investe contra Jesus, explicitando, diretamente, seu objetivo. Ele serve-se da própria Escritura para levar Jesus à contradição; usa, inadequadamente, a Palavra de Deus para tentar atingir seu propósito. Para vencer as tentações, mais que saber com a cabeça, conheçamos a Palavra com o coração e a vida!

         O tentador “(...) afastou-se para retornar em outra ocasião oportuna”. Não foi dessa vez, mas ele voltará. Se toda caminhada de Jesus foi um constante ‘vencer as tentações’, a nossa não será diferente. As forças do mal esperam a hora oportuna, a hora da fraqueza, do medo, da insegurança, do desânimo para atacar, propondo facilidades disfarçadas de felicidade. Para vencer as tentações, sejamos sensíveis às tentativas do tentador!

       O mal busca dividir e desfigurar, provocando em nós e, através de nós, rompimentos e fissuras de todas as naturezas. O projeto de Deus é a comunhão. Jesus restaura, cura, liberta e promove no ser humano e, através do ser humano, a comunhão em todas as dimensões. No combate fiel, alegre e esperançoso, colaboremos para que a vitória do verdadeiro amor, a Páscoa, aconteça todos os dias em nós e através de nós. Vençamos as tentações!

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

ivanpsicol@hotmail.com