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Quinta-feira, 23 de julho de 2015

Artigo do Pe. Ivanaldo: Miseráveis modernos

Foto | Artigo do Pe. Ivanaldo: Miseráveis modernos

“Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, a viúva e o órfão”. No livro do Êxodo, Deus exprime amor e cuidado especial para com estas três categorias de pessoas, consideradas, na literatura bíblica, os mais pobres entre os pobres.  O estrangeiro desprovido de terra, condenado a perambular, depende da boa vontade de terceiros para sobreviver. A viúva, sobretudo, sem filhos, condenada ao abandono, depende de esmolas. O órfão, sem a proteção de seus genitores, condenado a mendicância.

O texto bíblico evidencia os abismos sociais que assolam a humanidade. Deus exorta os homens de todos os tempos a não se conformar com esta realidade que, acima de tudo, agride a dignidade humana. Esta palavra faz sentido em nossos dias? No mundo moderno é raro encontrar estrangeiros, viúvas e órfãos como relatado acima. Certamente existem, porém, como em muitas casas aparentemente limpas, a sujeira está debaixo do tapete.

Para além da análise sócio-econômica, para além da satisfação das necessidades fisiológicas, considerando a realidade existencial e a necessidade básica de todo ser humano, ser amado e amar, nota-se o aumento de estrangeiros, viúvas e órfãos. Os miseráveis modernos são vítimas da mais devastadora epidemia de todos os tempos: o desamor.

O estrangeiro: aquele que nunca teve referência externa, desprovido de segurança e sentimento de pertença; não foi amado, não aprendeu a amar. Seu vazio converte-se em dor, angustia e desespero. Para sobreviver submete-se ao que for preciso: dá-se, vende-se, prostitui-se... O que para nós é ilícito ou imoral para ele é forma de sobrevivência. Quantos estrangeiros de amor perambulam entre nós?

A viúva: aquele que após uma profunda experiência de entrega fora abandonado à sorte. Os relacionamentos vividos não foram suficientemente saudáveis de forma a lhe permitir ser para si antes de ser para o outro, levando-o à, com a perda do outro, perder-se de si, impondo-se a dura pena de nunca mais amar ninguém. Quantos viúvos de amor abandonados entre nós?

O órfão: aquele cujas bases e referências, sobretudo emocionais, não foram firmadas. A perene sensação de abandono esta gravada em seu DNA. Os órfãos de nossos dias têm pai e mãe; talvez nunca tenha lhes faltado condições aparentes de serem os melhores, no entanto, lhes faltam condições reais de ser gente, de receber e doar amor. Quantos órfãos de amor mendigando entre nós?

A superação deste mal que assola a humanidade exige investimentos. O poder de decisão para superar a epidemia do desamor não depende dos líderes mundiais, depende de mim, de você, depende de nós. “Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, a viúva e o órfão”, continua valendo.

Postado em 31/10/2014 às 09h01 - Imagem da Internet


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