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Comissão Fé e Cidadania emite nota sobre a situação política do país
NOTA COMISSÃO FÉ E CIDADANIA DA DIOCESE DE BARRETOS
Como membros da Comissão “Fé e Cidadania” da Diocese de Barretos sentimos a necessidade de vir a público, manifestar nossa preocupação diante dos destinos da nossa Nação.
Ao acompanhar, no último dia 2 de agosto, a votação na Câmara de Deputados, que rejeitou a autorização para que o Supremo Tribunal Federal julgasse a denúncia por corrupção passiva contra o Presidente da República, ficou comprovado mais uma vez que sobre os interesses da Nação e a promoção do bem comum prevalecem os interesses seja de partidos políticos ou grupos econômicos que se beneficiam com a situação de instabilidade que vive o nosso país.
Diante de denúncias tão sérias e provas tão eloquentes, esperávamos que o Congresso Nacional, num gesto de amor pelo nosso país e, de compromisso com a estabilidade econômica e política do Brasil, tivesse a coragem de permitir que os fatos fossem apurados e, os verdadeiros responsáveis por eles respondessem diante da justiça pela sua conduta.
Afirmar que esse processo acarretaria ao Brasil desestabilidade econômica e financeira é a demonstração de que mais importante do que o bem comum está a economia e o interesse do mercado.
Nestes últimos meses, a votação da reforma trabalhista, o aumento do PIS e da COFINS sobre a gasolina, diesel e etanol, a votação contra a apuração das denúncias apresentadas pela Procuradoria Geral da União contra o Presidente da República nos preocupam, pois, não só desrespeitam princípios garantidos pela Constituição, como também permitem que as conquistas de grande parte da população brasileira não sejam tratadas com o respeito que lhes compete.
Em comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que já manifestou várias vezes sua preocupação diante da conjuntura política e econômica que prevalece entre nós, queremos também tornar público nossa indignação diante da omissão e dos desmandos de grande parte da classe política da nossa Nação que parece ignorar a justiça, excluindo os milhões de desempregados, aqueles que aguardam por atendimento médico, as vítimas da violência e do crime organizado, os muitos jovens negros e pobres das periferias das nossas cidades, e os trabalhadores que anseiam por um pedaço de terra para garantir a sobrevivência de suas famílias, do direito de viver com dignidade e, mais ainda de esperar por um mundo justo e solidário onde todos sejam tratados com os mesmos direitos e as mesmas oportunidades.
Embora tenham mudado os nomes e as siglas, convivemos ainda com uma grande maioria da classe política cuja mentalidade é de que tudo vale para manter-se no poder; mesmo que a revelia do direito, e em prejuízo dos mais pobres e necessitados.
Quando advertido pelos fariseus para que calasse os que o aclamavam como “Rei de Israel, ao entrar na cidade de Jerusalém onde haveria de sofrer a Paixão, Jesus respondeu: Se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19,40).
Barretos, 11 de agosto de 2017.
Comissão Fé e Cidadania da Diocese de Barretos
Dom Milton Kenan Júnior
Pe. Luiz Paulo Soares