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Quinta-feira, 11 de março de 2021

Comunicado do clero da cidade de Barretos diante das novas medidas adotadas pelo Governo Estadual de São Paulo frente a pandemia da Covid-19

Foto | Comunicado do clero da cidade de Barretos diante das novas medidas adotadas pelo Governo Estadual de São Paulo frente a pandemia da Covid-19
 
Diante das restrições adotadas pelo Governo Estadual, que passam a vigorar a partir do próximo dia 15 de março, restringindo ainda mais os serviços à população, em razão da lotação de enfermarias e UTIs no Estado de São Paulo, como pastores da porção do povo de Deus a nós confiada, na cidade de Barretos, queremos manifestar nossa insatisfação diante das medidas tomadas, conforme a orientação das próprias autoridades sanitárias, no que diz respeito à impossibilidade de continuarmos com as nossas celebrações litúrgicas.
 
Embora a Constituição Brasileira reconheça como direito irrevogável “a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma de lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”, nós, pastores da Igreja de Deus, consideramos insubstituível neste momento o serviço que prestamos ao nosso povo, que encontra na fé e nos sacramentos o sustento para conviver e superar o momento grave pelo qual passamos.
 
Para nós, católicos, nada substitui a participação dos fiéis à Eucaristia. Ela é a fonte e o cume da nossa vida cristã. Da Eucaristia nasce e se revigora a Igreja! Até este momento, não há nenhum indício de que nossas igrejas, tendo adotadas as medidas de segurança, sejam locais de contágio; ao contrário, há comprovação de que nas igrejas que respeitam as medidas sanitárias, não há nenhum indicador de contágio ou propagação da doença.
 
Preocupa-nos sim as quadras nas praças públicas e outros ambientes e espaços públicos, como os locais esportivos nas praças de diversos bairros da cidade, onde as pessoas, na maioria jovens e adolescentes, circulam sem nenhum cuidado e sem a fiscalização necessária.
 
A pandemia que estamos vivenciando de modo catastrófico e mórbido em nosso país, mas também em escala mundial, é fruto da falta de medidas governamentais eficazes que tem gerado uma situação deplorável a que chegaram vários Estados e municípios, à beira de um colapso inimaginável.
 
É lamentável que, diante da triste realidade de quase 300 mil mortes, vítimas da Covid-19, assistamos da parte das autoridades competentes medidas inócuas, contraditórias, carregadas de cunho político-partidário. É de se considerar que a grande ameaça à saúde das pessoas está no discurso dissonante da parte dos que governam nossa nação e nosso Estado, na falta de uma política sanitária adequada, desde quando da chegada e propagação do vírus.
 
Tão perigosos são os grupos que se servem das mídias sociais para disseminar notícias falsas, que levam a população ao descrédito, seja em relação ao isolamento social e às medidas sanitárias, como agora diante da eficácia das vacinas.
 
Lamentamos as centenas de milhares de mortos vítimas da pandemia. Vidas que poderiam ser poupadas se houvesse um planejamento sanitário e um cronograma sério da parte das autoridades da nação.
 
Por outro lado, queremos aqui manifestar nossa gratidão a todos os profissionais de saúde que se sentem, na maioria das vezes, impotentes diante do número que cresce dia a dia de internações e óbitos. Rezamos por cada um deles pedindo a Deus que não permita que o cansaço e o desânimo os abatam. Pedimos a Deus que suas vidas sejam protegidas, para que socorrendo o grande número de afetados por este vírus de morte não venham a perder as suas vidas.
 
A Igreja Católica que sobreviveu à guerras, pandemias, catástrofes e outras vicissitudes neste 2 mil anos de sua existência, sabe, por experiência própria, que o valor absoluto é sempre o da vida. Nas mais graves situações, ela sempre se manteve unida e solidária, sendo um porto seguro para aqueles que corriam e correm o risco de naufragar. Não deixaremos de fazê-lo. Com nossas portas abertas ou fechadas estamos prontos para socorrer e aliviar aqueles que sofrem.
 
Diante das disposições governamentais, nós adotaremos as medidas implantadas, na esperança de que no mais breve tempo possível elas sejam revogadas. Pedimos a Deus, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que ela vele por nós e interceda pelo seu povo que luta para sobreviver e reclama o seu socorro.
 
Barretos, 11 de março de 2021
 
Dom Milton Kenan Júnior
Bispo de Barretos
 
Padres, Vigários Paroquiais e Diácono da Igreja Católica Apostólica Romana da cidade de Barretos
 

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