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Quinta-feira, 23 de julho de 2015

Pe. Deusmar escreve artigo sobre Dom Mucciolo, segundo bispo de Barretos que faleceu no sábado

Foto | Pe. Deusmar escreve artigo sobre Dom Mucciolo, segundo bispo de Barretos que faleceu no sábado

DOM ANTONIO MARIA MUCCIOLO: BISPO, PAI E AMIGO.

No dia 5 de setembro visitei no hospital Sírio Libanês em São Paulo o bispo que há 27 anos me ordenou presbítero da Igreja de Cristo. O encontrei debilitado fisicamente, mas, lúcido e como sempre com memória brilhante, lembrou-se de uma reunião marcada com os bispos eméritos justificando que infelizmente não poderia participar devido aos seus problemas de saúde. Conversamos um pouco sobre sua saúde, perguntou sobre o meu trabalho na CNBB, lembrou-se da caminhada dos presbíteros do Brasil através da Comissão Nacional do Clero - CNC, da qual participou como presbítero e da caminhada atual através da Comissão Nacional dos Presbíteros - CNP, que faz parte da Comissão da qual sou assessor na CNBB, isto ele lembrou dizendo que se alegrava por ver trabalhando na CNBB, um padre por ele ordenado. Depois falou com voz firme: “É o fim, estou próximo do fim, reze por mim”, me abençoou e pediu-me uma benção. Abençoamo-nos mutuamente, esta será a lembrança que guardarei de meu último encontro com Dom Antonio ainda vivo.

Não pude vê-lo morto por estar morando distante e principalmente, devido a compromissos previamente assumidos, mas talvez tenha sido providencial, pois prefiro guardar na lembrança a imagem de Dom Antonio, alegre, sorridente, sempre disponível, compreensivo, paternal e amigo. Foi Dom Antonio que me acolheu como vocacionado e me encaminhou para o seminário em 1979. Os anos de seminário e os primeiros do ministério presbiteral, foram anos de questionamentos próprios da juventude, ele como um Pai que se preocupa com o desenvolvimento de seus filhos, corrigia com firmeza, porém sem nunca perder a ternura, era um homem de posições bem definidas, mas também de diálogo e de nobres sentimentos, o que permitia existir entre nós um relacionamento sadio e fraterno, mesmo nos momentos de tensões e diferenças de ideias e pensamentos.

O tempo foi passando, fui amadurecendo e percebendo o quanto este bispo da Igreja me ajudou no crescimento espiritual e na vivência de meus ideais como presbítero, pois, nos momentos mais difíceis por mim vividos nestes anos todos, sempre encontrei em sua pessoa um ombro amigo, uma palavra confortadora e uma atitude concreta de ajuda e apoio. Era um homem preocupado com as vocações e com os padres, foi de fato, Pai dos Padres. Em sua agenda o padre tinha sempre prioridade, pois, era sua preocupação o bem estar dos padres, ele acreditava que o padre estando bem, poderia servir melhor o povo. Dom Antonio partiu, voltou para o Pai com a certeza do dever cumprido, como sacerdote, como bispo, como comunicador, como alguém que soube unir teoria e prática e assim vivenciar o evangelho cumprindo sua missão cristã no mundo. Não foi alguém que simplesmente passou pelo mundo, mas que fez história, uma bela história como Bispo, Pai e Amigo.

Como Padre, sou feliz por ter sido ordenado pela imposição das mãos de Dom Antonio Maria Mucciolo.

Pe. Deusmar Jesus da Silva


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