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Sobre a virtude da Esperança
Neste mês quero tratar sobre o papel da Esperança na vida de oração. No mês passado tratei da Fé, agora se trata da Esperança. A Esperança é, em relação às outras virtudes teologais, a aparentemente menor, a mais frágil; mas, na verdade, é a mais decisiva, é aquela que faz com que a fé e o amor avancem.
Rezar é um ato de Esperança: é reconhecer que temos necessidade de Deus, que precisamos Dele para enfrentar os desafios da vida, que contamos mais com Ele do que com os nossos próprios talentos ou recursos.
A Esperança consiste acima de tudo em reconhecer que somos pequenos e pobres diante de Deus, e por isso esperamos tudo Dele com toda confiança. A nossa pobreza, neste caso, não é um problema, mas uma oportunidade.
Muitas vezes fazemos a experiência da nossa pobreza quando rezamos. Esperamos um tempo de paz e nos damos conta de que nosso tempo de oração se transforma num tempo de luta. Pelo fato de nos afastarmos das nossas ocupações ou então silenciarmos, nós somos confrontados com tudo o que vai mal em nossa vida. Vem à tona as nossas misérias, nossas quedas e nossos erros, surgem os remorsos do passado, e a ansiedade diante do futuro. Aquilo que esperávamos que fosse um tempo de paz se transforma numa experiência dolorosa da nossa fraqueza, que facilmente nos leva ao desânimo, à tentação de abandonar a oração e retornar às ocupações mais gratificantes ou produtivas.
Certa vez Jesus disse a São Luís, rei da França: “Tu gostarias de rezar como um santo, e eu te convido a rezar como um pobre!”
A oração nos coloca em contato com o que somos de verdade; ela revela nossas imperfeições e pecados, assim como os raios do sol, quando invadem um ambiente, colocam às claras até uma partícula de pó suspensa no ar.
Evidentemente não é somente a oração que nos leva a uma experiência de pobreza, mas é toda a nossa vida, com as situações difíceis que nos fazem descobrir nossos limites, nossas fraquezas, feridas e pecado. A oração só nos permite tomar consciência mais aguçada disso e a enfrentar esta realidade sem escapatória.
Como agir diante desta realidade: “Os sãos não precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores”, diz Jesus (Mc 2, 17).
A solução diante desta realidade se encontra em duas atitudes: humildade e confiança. Em primeiro lugar precisamos aceitar plenamente aquilo que somos, acolher a revelação nem sempre gratificante dos nossos limites e das nossas faltas. Por outro lado, precisamos aproveitar-nos disso para aprender a colocar toda a nossa confiança e Esperança somente em Deus, e não nas nossas qualidades e boas ações.
Jesus diz: “Todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Lc 18,14). Com estas palavras, o Evangelho nos convida a reconhecer e aceitar plenamente a nossa miséria, por mais profunda e inquietante que ela seja, e a jogar-nos nos braços de Deus com uma confiança cega na sua misericórdia e no seu poder. Devemos aceitar-nos como radicalmente pobres e transformar nossa pobreza em súplica, em espera, em Esperança invencível, pois Deus vem em nosso socorro (cf. Sl 22,25).
Deus escuta somente a oração do pobre, como ilustra Jesus na parábola do fariseu e do publicano (cf. Lc 18,9-14). A oração que chega aos céus, que toca o coração de Deus e obtém a sua graça, é apenas aquela que brota do fundo da nossa miséria e do nosso pecado: “Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor; Senhor, ouvi a minha oração” (Sl 129,1-2).
A experiência da nossa fraqueza deve nos impulsionar na direção da humildade e da Esperança que estão sempre unidas. A humildade nos faz reconhecer que tudo o que somos e temos é um dom totalmente gratuito do amor de Deus: “Que é que possuís que não tenhas recebido?” pergunta São Paulo (1Cor 4,7).
São João da Cruz afirma: “A alma alcança de Deus tanto quanto espera” (Noite Escura 2,21). Assim, pela Esperança podemos, com toda a certeza, obter tudo de Deus. A nossa pobreza radical faz-nos esperar tudo de Deus com plena confiança. E Ele nos atenderá não segundo as nossas virtudes, qualidades, méritos e boas obras, mas segundo a nossa Esperança. O mesmo vale para a humildade: “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (1Pd 5,5). A humildade tem um poder absoluto sobre o coração de Deus e obtém a plenitude de sua graça. Unida à Esperança, ela “obriga”, por assim dizer, Deus a ocupar-se de nós.
Neste mês dedicado à Santíssima Virgem Maria, espelhemo-nos nela na nossa oração. Assim como Maria reconheçamos nossa pequenez e coloquemos em Deus toda a nossa confiança. Ele fará prodígios!
Dom Milton Kenan Júnior
Bispo de Barretos
AGENDA EPISCOPAL
Maio 2024
4 e 5 – Fórum Social do Sub-Regional RP2, em São José do Rio Preto.
7 – Reunião do Secretariado de Pastoral, na Cúria Diocesana, às 9h
9 – Reunião do clero da região Olímpia, na Casa Episcopal, às 10h.
11 – Reunião com Escola Diaconal “Dom Pedro Fré”, no Salão Paroquial da Catedral, às 14h
13 – Missa e Procissão de Nossa Sra. de Fátima, em Barretos, às 19h
14 – Reunião dos Párocos, Tesoureiros e Secretários Paroquiais, na Cúria Diocesana, às 19h30
16 – Reunião do clero da Região Barretos, na Casa Episcopal, às 10h.
18 – Santa Missa na Igreja Matriz de S. Sebastião, em Guaíra, com re-inauguração dos sinos, às 8h.
19 – Festa da Unidade Diocesana e celebração do Patrono Diocesano Divino Espírito Santo, na Praça Francisco Barretos, às 16h
20 a 23 – Concurso Rei e Rainha da Alegria, na Radio “O Diário” em Barretos, em prol da Cidade de Maria
24 a 26 – Arraial da Alegria, na Cidade de Maria
23 – Reunião do clero da Região Colina, em Barretos, na Casa Episcopal, às 10h.
25 - Visita Pastoral à Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Guaíra, das 14h às 17h.
30 – Santa Missa da Solenidade de Corpus Christi, na Catedral, às 10h.
31 – Benção e inauguração da Capela Nossa Senhora do Desterro, em Colina, às 19h30.